Quem me acompanha há anos sabe que um dos Movimentos Humanos que detectei em 2015 foi o que nomeei Poder Isonômico. Havia na época um movimento consistente de renunciar ao poder e ao status quo que o representa. Era produto, entendi naquele momento, de um cansaço de estado de ser em constante competição, numa escalada sem fim, num jogo de poder que satisfazia pouco e cobrava muito.
+ O que nutre os teus sonhos do vir a ser?
Era a época em que cada vez mais executivos tiravam anos sabáticos sendo admirados por legiões de jovens; marcas de beleza prometiam produtos que fariam cada um ser quem desejasse. Diminuir o ritmo, repensar a vida, homens usando tênis como calçado de trabalho e mulheres deixando seus sapatos de salto alto em casa. “Menos é Mais” era o slogan que resumia esse tempo em que desconstruímos modelos rígidos que não queríamos mais.
Entendi, na ocasião, que existia o desejo de maior liberdade de ser. Embora poucos talvez tenham tido o insight de que poder e liberdade não conseguem coexistir, a maioria ansiava viver sem tantas restrições e moldes que o poder exige. A liberdade com que a alma estava sonhando trazia espontaneidade, leveza e a experimentação de rotas menos conhecidas e mapeadas. Chamei isso de Poder Para. Não era sobre renunciar ao poder. Era sobre usar a potência que o poder contém para uma libertação e dizer não à permanência dentro de um status quo que cerceia e restringe.
Isso foi há dez anos. O que aconteceu?
+ Ansiedade digital: quando a busca pela perfeição nos consome