Cidade grande, cabeça aberta. Será?Cidade grande, cabeça aberta. Será?Cidade grande, cabeça aberta. Será?

Fomos passar o feriado na região dos canyons entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul num local que é um verdadeiro refúgio ecológico: a pousada Pedra Afiada. Olhar a majestade dos canyons, faz a gente se calar e reverenciar tamanha a beleza e força.

Mas o que mais me acalentou e gerou conversas e reflexões entre nós, foi o nosso guia, um menino de 22 anos calmo e muito sábio, chamado Frank Lummertz. Nascido em Praia Grande, deixou a cidade aos 18 para fazer História em Florianópolis, mas volta sempre que possível e trabalha há anos como guia da região.

De fala mansa, como as pessoas do interior costumam ter, enquanto pegávamos as estradinhas de terra que nos levava de um lugar a outro, ele ia nos brindando com o seu conhecimento e mostrando, como poucas vezes vi em alguém de sua idade, a sabedoria que, para mim, vem do saber e não somente da informação e do conhecimento.

Foi nos contando do (único) ônibus que passa nos arredores em alguns poucos horários e leva adultos fazer as suas compras e trocas e as crianças para escola. Comenta que ônibus é grátis, mas logo se corrige e diz: “grátis não, é o ônibus pago por todos nós através do impostos que pagamos”.

Contou também a história da região que já pertenceu a várias etnias de índios, como os Coroados, e na medida em que Frank ia se surpreendendo com o estado que a enchente deixou a região, vai colocando sua preocupação com essa terra que tanto ama. Discutimos sobre economia, discordamos sobre a questão do progresso e o desenvolvimento, mas concordamos sobre as opções econômicas de cada região e a perda de identidade que a cidade vai tomando quando se seguem modelos externos sem discussões e avaliações.

Falou do desejo de trazer a cultura do cinema e teatro a sua cidade, nos contou que assistiu seu primeiro filme aos 15 e foi ao teatro pela primeira vez aos 18. Hoje é sócio do CineClub e deseja organizar uma semana de cinema para julho ou agosto em Praia Grande. Trará uns filmes, falou com um empresário local para emprestar um projetor, vai tentar achar uma tela e irá mostrar para quem quiser ver.

Falamos de Glauber Rocha, contou cenas que lhe chamaram a atenção, discutimos Almodóvar, cinema italiano e nos disse que agora está assistindo vários filmes russos. Enquanto ele ia falando e se empolgando, eu pensava, olhando ao redor, como numa cidade tão simples, tão sem recursos tecnológicos e educacionais, alguém podia se interessar por cinema russo.

Gostaria de explicar às pessoas que moram no campo que minha reflexão não significa algum tipo de menosprezo a este tipo de vida, muito ao contrário, significa minha tristeza em perceber que pessoas de cidades maiores, que a princípio, possuem maiores recursos e possibilidades, optam, e me perdoem porque para mim é uma questão de livre arbítrio individual, pela alienação, pela limitação.

Sei que há sempre motivos individuais grandes e fortes que dificultam a busca pela abertura da mente, mas, em minha opinião, é também nessas horas que podemos mostrar a nossa capacidade de evoluir como seres humanos e desejar um destino distinto para nós. Podemos ambicionar extrapolar fronteiras físicas e mentais, ao decidir, coisas simples, por exemplo, sair dos enlatados norte-americanos ou da televisão brasileira e optar por um filme europeu ou nacional, mas que nos abra a cabeça.

Espero Frank que você consiga fazer a sua semana de cinema em Praia Grande e que tenham muitos, muitos Franks por ai.Fomos passar o feriado na região dos canyons entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul num local que é um verdadeiro refúgio ecológico: a pousada Pedra Afiada. Olhar a majestade dos canyons, faz a gente se calar e reverenciar tamanha a beleza e força.

Mas o que mais me acalentou e gerou conversas e reflexões entre nós, foi o nosso guia, um menino de 22 anos calmo e muito sábio, chamado Frank Lummertz. Nascido em Praia Grande, deixou a cidade aos 18 para fazer História em Florianópolis, mas volta sempre que possível e trabalha há anos como guia da região.

De fala mansa, como as pessoas do interior costumam ter, enquanto pegávamos as estradinhas de terra que nos levava de um lugar a outro, ele ia nos brindando com o seu conhecimento e mostrando, como poucas vezes vi em alguém de sua idade, a sabedoria que, para mim, vem do saber e não somente da informação e do conhecimento.

Foi nos contando do (único) ônibus que passa nos arredores em alguns poucos horários e leva adultos fazer as suas compras e trocas e as crianças para escola. Comenta que ônibus é grátis, mas logo se corrige e diz: “grátis não, é o ônibus pago por todos nós através do impostos que pagamos”.

Contou também a história da região que já pertenceu a várias etnias de índios, como os Coroados, e na medida em que Frank ia se surpreendendo com o estado que a enchente deixou a região, vai colocando sua preocupação com essa terra que tanto ama. Discutimos sobre economia, discordamos sobre a questão do progresso e o desenvolvimento, mas concordamos sobre as opções econômicas de cada região e a perda de identidade que a cidade vai tomando quando se seguem modelos externos sem discussões e avaliações.

Falou do desejo de trazer a cultura do cinema e teatro a sua cidade, nos contou que assistiu seu primeiro filme aos 15 e foi ao teatro pela primeira vez aos 18. Hoje é sócio do CineClub e deseja organizar uma semana de cinema para julho ou agosto em Praia Grande. Trará uns filmes, falou com um empresário local para emprestar um projetor, vai tentar achar uma tela e irá mostrar para quem quiser ver.

Falamos de Glauber Rocha, contou cenas que lhe chamaram a atenção, discutimos Almodóvar, cinema italiano e nos disse que agora está assistindo vários filmes russos. Enquanto ele ia falando e se empolgando, eu pensava, olhando ao redor, como numa cidade tão simples, tão sem recursos tecnológicos e educacionais, alguém podia se interessar por cinema russo.

Gostaria de explicar às pessoas que moram no campo que minha reflexão não significa algum tipo de menosprezo a este tipo de vida, muito ao contrário, significa minha tristeza em perceber que pessoas de cidades maiores, que a princípio, possuem maiores recursos e possibilidades, optam, e me perdoem porque para mim é uma questão de livre arbítrio individual, pela alienação, pela limitação.

Sei que há sempre motivos individuais grandes e fortes que dificultam a busca pela abertura da mente, mas, em minha opinião, é também nessas horas que podemos mostrar a nossa capacidade de evoluir como seres humanos e desejar um destino distinto para nós. Podemos ambicionar extrapolar fronteiras físicas e mentais, ao decidir, coisas simples, por exemplo, sair dos enlatados norte-americanos ou da televisão brasileira e optar por um filme europeu ou nacional, mas que nos abra a cabeça.

Espero Frank que você consiga fazer a sua semana de cinema em Praia Grande e que tenham muitos, muitos Franks por ai.Fomos passar o feriado na região dos canyons entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul num local que é um verdadeiro refúgio ecológico: a pousada Pedra Afiada. Olhar a majestade dos canyons, faz a gente se calar e reverenciar tamanha a beleza e força.

Mas o que mais me acalentou e gerou conversas e reflexões entre nós, foi o nosso guia, um menino de 22 anos calmo e muito sábio, chamado Frank Lummertz. Nascido em Praia Grande, deixou a cidade aos 18 para fazer História em Florianópolis, mas volta sempre que possível e trabalha há anos como guia da região.

De fala mansa, como as pessoas do interior costumam ter, enquanto pegávamos as estradinhas de terra que nos levava de um lugar a outro, ele ia nos brindando com o seu conhecimento e mostrando, como poucas vezes vi em alguém de sua idade, a sabedoria que, para mim, vem do saber e não somente da informação e do conhecimento.

Foi nos contando do (único) ônibus que passa nos arredores em alguns poucos horários e leva adultos fazer as suas compras e trocas e as crianças para escola. Comenta que ônibus é grátis, mas logo se corrige e diz: “grátis não, é o ônibus pago por todos nós através do impostos que pagamos”.

Contou também a história da região que já pertenceu a várias etnias de índios, como os Coroados, e na medida em que Frank ia se surpreendendo com o estado que a enchente deixou a região, vai colocando sua preocupação com essa terra que tanto ama. Discutimos sobre economia, discordamos sobre a questão do progresso e o desenvolvimento, mas concordamos sobre as opções econômicas de cada região e a perda de identidade que a cidade vai tomando quando se seguem modelos externos sem discussões e avaliações.

Falou do desejo de trazer a cultura do cinema e teatro a sua cidade, nos contou que assistiu seu primeiro filme aos 15 e foi ao teatro pela primeira vez aos 18. Hoje é sócio do CineClub e deseja organizar uma semana de cinema para julho ou agosto em Praia Grande. Trará uns filmes, falou com um empresário local para emprestar um projetor, vai tentar achar uma tela e irá mostrar para quem quiser ver.

Falamos de Glauber Rocha, contou cenas que lhe chamaram a atenção, discutimos Almodóvar, cinema italiano e nos disse que agora está assistindo vários filmes russos. Enquanto ele ia falando e se empolgando, eu pensava, olhando ao redor, como numa cidade tão simples, tão sem recursos tecnológicos e educacionais, alguém podia se interessar por cinema russo.

Gostaria de explicar às pessoas que moram no campo que minha reflexão não significa algum tipo de menosprezo a este tipo de vida, muito ao contrário, significa minha tristeza em perceber que pessoas de cidades maiores, que a princípio, possuem maiores recursos e possibilidades, optam, e me perdoem porque para mim é uma questão de livre arbítrio individual, pela alienação, pela limitação.

Sei que há sempre motivos individuais grandes e fortes que dificultam a busca pela abertura da mente, mas, em minha opinião, é também nessas horas que podemos mostrar a nossa capacidade de evoluir como seres humanos e desejar um destino distinto para nós. Podemos ambicionar extrapolar fronteiras físicas e mentais, ao decidir, coisas simples, por exemplo, sair dos enlatados norte-americanos ou da televisão brasileira e optar por um filme europeu ou nacional, mas que nos abra a cabeça.

Espero Frank que você consiga fazer a sua semana de cinema em Praia Grande e que tenham muitos, muitos Franks por ai.

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2 Responses

  1. Oi Nany!

    Sabe como são as coisas desse mundão, sempre por aí, uma hora aqui, outra acolá.
    Agradeço de coração o comentário sobre a sua visita a Praia Grande e aos comentários sobre nossas conversas.
    Adorei aquele fim de semana com vcs e acredito que nesse mundão, a união e a sinceridade das pessoas são mais importantes e sempre sobreviverão. Não importa os turbilhões, a fé e a resistência digna apontarão para um futuro e um mundo melhor.
    Desculpa o atraso do comentário e vê se volta pra nos visitar. Aquele abraço e outro aí pros rapazes.
    Ah! e pode deixar que a minha coleção de filmes está almentando e estou programando a exibição para o verão!!!
    “A Raíz do povo resistente não deixa a árvore da vida secar”
    Atenciosamente,
    Frank Lummertz

  2. Frank que bom que você leu a postagem! a gente também gostou muito do nosso passeio e de ter conhecido você. Espero que você consiga fazer seu festival, não desista, por favor! Se o seu cinema conseguir tocar pelo menos um morador de Praia Grande já terá valido a pena. Abraços.

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