Fantasia versus Lucidez, nem um nem outro: ambosFantasia versus Lucidez, nem um nem outro: ambos

Casinha feita de Lego na Legoland da Dinamarca

Me considero uma pessoa lúcida por considerar que costumo enxergar além do que a maioria consegue. Talvez seja uma faculdade desenvolvida pela minha profissão de pesquisadora ou talvez me dê bem na minha profissão por conta dessa característica. O que importa é que viver a vida com lucidez me trouxe compreensão sobre as idiossincrasias humanas que facilita minhas análises no meu trabalho e só grata a ela por isso.


Mas a lucidez não me trouxe só coisas boas. Um dos limites da lucidez que eu atravessei algumas vezes é a acidez. Quando vemos tudo de forma clara sem disfarces tomamos consciência da capacidade humana de ativar os sentimentos mais podres. E muitas vezes são pessoas bem próximas. E muitas vezes somos nós mesmos. E a lucidez faz com que você tenha consciência disso. Essa consciência faz você perder um pouco o encanto e a ilusão da natureza humana. Em nome da lucidez se é agressivo, duro. Ácido.

Quando cruzo com pessoas assim, hoje as compreendo, porque já vivi isso. Mais do que maldade, como os ingênuos costumam classificar, muitas vezes há o desejo de trazer à luz algo que cremos que os outros não estão enxergando. Há uma  necessidade de destampar o que está oculto. Aliás as coisas ocultas angustiam aos lúcidos.

Mas ai a vida te traz surpresas e não é que a fantasia entra na tua vida? A fantasia é a morte para o lúcido mas quando ela vem junto com o amor, ela te enternece, te adoça, te faz ver também o lado rico, maravilhoso e lindo do ser humano. Ela faz você acreditar que é possível. Ela dilui o acido e faz você acolher a dor e raiva daquele que enxerga tudo.

A fantasia, e não a ilusão, permite você lucidamente, acreditar na metade do copo cheio e não apostar no vazio.

Tudo bem, você lucido pode não gostar da Disney, mas quando a fantasia também é permitida na sua vida, você irá adorar ver o rosto deslumbrado das crianças ao ver seus personagens em carne e osso. Ver o encantamento da vida-feliz-possível tomando conta da alma dessa criança e perceber o quanto isso é capaz de acalenta-la. Fato que no futuro poderá ajudá-la a se restabelecer e encarar a vida com maior amorosidade.

Hoje tenho consciência que lucidez e fantasia podem conviver dentro de nós. Que a acidez e a ilusão, extremos de cada um deles, podem ser excluídos. E que ambos, na nossa vida, nos torna uma pessoa mais consciente, e para mim, portanto, mais feliz.

Dando continuidade às reflexões que o filme Ferrugem e Ossos me trouxe a semana passada, vamos falar sobre ilusão versus fantasia e lucidez versus acidez esta semana. 

Boa semana para todos. 

Casinha feita de Lego na Legoland da Dinamarca

Me considero uma pessoa lúcida por considerar que costumo enxergar além do que a maioria consegue. Talvez seja uma faculdade desenvolvida pela minha profissão de pesquisadora ou talvez me dê bem na minha profissão por conta dessa característica. O que importa é que viver a vida com lucidez me trouxe compreensão sobre as idiossincrasias humanas que facilita minhas análises no meu trabalho e só grata a ela por isso.


Mas a lucidez não me trouxe só coisas boas. Um dos limites da lucidez que eu atravessei algumas vezes é a acidez. Quando vemos tudo de forma clara sem disfarces tomamos consciência da capacidade humana de ativar os sentimentos mais podres. E muitas vezes são pessoas bem próximas. E muitas vezes somos nós mesmos. E a lucidez faz com que você tenha consciência disso. Essa consciência faz você perder um pouco o encanto e a ilusão da natureza humana. Em nome da lucidez se é agressivo, duro. Ácido.

Quando cruzo com pessoas assim, hoje as compreendo, porque já vivi isso. Mais do que maldade, como os ingênuos costumam classificar, muitas vezes há o desejo de trazer à luz algo que cremos que os outros não estão enxergando. Há uma  necessidade de destampar o que está oculto. Aliás as coisas ocultas angustiam aos lúcidos.

Mas ai a vida te traz surpresas e não é que a fantasia entra na tua vida? A fantasia é a morte para o lúcido mas quando ela vem junto com o amor, ela te enternece, te adoça, te faz ver também o lado rico, maravilhoso e lindo do ser humano. Ela faz você acreditar que é possível. Ela dilui o acido e faz você acolher a dor e raiva daquele que enxerga tudo.

A fantasia, e não a ilusão, permite você lucidamente, acreditar na metade do copo cheio e não apostar no vazio.

Tudo bem, você lucido pode não gostar da Disney, mas quando a fantasia também é permitida na sua vida, você irá adorar ver o rosto deslumbrado das crianças ao ver seus personagens em carne e osso. Ver o encantamento da vida-feliz-possível tomando conta da alma dessa criança e perceber o quanto isso é capaz de acalenta-la. Fato que no futuro poderá ajudá-la a se restabelecer e encarar a vida com maior amorosidade.

Hoje tenho consciência que lucidez e fantasia podem conviver dentro de nós. Que a acidez e a ilusão, extremos de cada um deles, podem ser excluídos. E que ambos, na nossa vida, nos torna uma pessoa mais consciente, e para mim, portanto, mais feliz.

Dando continuidade às reflexões que o filme Ferrugem e Ossos me trouxe a semana passada, vamos falar sobre ilusão versus fantasia e lucidez versus acidez esta semana. 

Boa semana para todos. 

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2 Responses

  1. Belo texto, parabéns! Acredito que a fantasia é a forma disfarçada de sermos nós mesmos. Muitos, talvez a maioria, encara fantasia com “infantilidade”, talvez até seja correta a interpretação mas, quem não é um saudosista ao se lembrar ou reviver a infância e portanto, quem não gosta disso? Acho demagogo o discurso dos lúcidos. Encaro isso como um escudo para disfarçar seus sonhos, crenças e segredos. A Disney, mas do que um mundo de fantasias, é uma profunda experiência que marca a vida de todos que por lá passam, sejam eles crianças ou adultos. Podem falar a vontade, podem criticar abertamente, podem até mesmo julgar aqueles que se encantam com essa fantasia comprada, mas jogue a primeira pedra aqueles que não gostam de comprar um pouco de ilusão (que o digam os consumistas de plantão). Disney não é para os fracos de espírito e nisso, as crianças nos dão um baile, pois são isentas de qualquer viés ideológico, são fantasiosamente lúcidas e são catedráticas na arte de “viver a vida”. Sim, você está correta em afirmar que fantasia e lucidez andam juntas. Para mim, é clara a proposta quando compro minhas entradas para a Disney. Um salve então para o papa do entretenimento no mundo, o verdadeira vendedor de ilusões, que nos encanta (os lúcidos) a cada visita ou memorabilia dessa mágica experiência, Sr. Walter Elias Disney.

    1. Obrigado pela contribuição Hélio! É muito bom podemos ter nossas fantasias e ainda assim, encarar de frente a lucidez. A Disney é um lugar mágico mesmo e a sensação de nos deixar levar pelo nosso lado criança é maravilhosa.

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