Se ser verdadeira é loucura, então que sejamos loucas, e inteiras.

Quantas vezes nos chamam de ‘loucas’ só por sermos nós mesmas? Quantas vezes somos ensinadas a caminhar na ponta dos pés, com medo de que qualquer expressão mais firme seja vista como um surto?

No Brasil, os números falam por si: uma em cada quatro mulheres sofreu algum tipo de violência no último ano, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para muitas de nós, a insegurança é física e urgente, um risco constante de apenas existir. Mas há também a insegurança psicológica, que nos persegue nas relações, no emprego, em cada espaço que ocupamos.

No mercado de trabalho, o receio de que nossa firmeza seja confundida com desequilíbrio nos acompanha em cada reunião, em cada troca de e-mails. Queremos ser assertivas, queremos expressar nossas ideias, mas a linha entre ser ouvida e ser julgada como ‘chiliquenta’, ‘barraqueira’ ou ‘desequilibrada’ é sempre tênue.

Quantas vezes silenciamos nossa própria voz por medo desse julgamento? Ser mulher em ambientes corporativos é um constante equilíbrio entre a força de mostrar quem somos e o medo de sermos lidas de maneira equivocada.

Nas relações amorosas, a insegurança assume outra face. Em muitos momentos, nos sentimos na responsabilidade de manter a conexão, de sempre ter a resposta certa para qualquer dúvida do outro, de preservar a harmonia a qualquer custo.

Somos vistas como aquelas que seguram as pontas, que mantêm o relacionamento de pé. ‘Será que devo mandar mensagem ou vou parecer desesperada? Ele ainda está afim de mim ou estou me iludindo?’. Esse tipo de dúvida vai muito além de um capricho: é o resultado de uma sociedade que, desde cedo, nos coloca no lugar de quem deve ‘se segurar’ para ser valorizada.

Estar em um relacionamento, muitas vezes, significa estar sempre entre a ansiedade de demonstrar interesse e o medo de parecer carente, criando um ciclo onde nosso valor se torna constantemente questionado.

A verdade é que, de loucas, não temos nada. Somos mulheres enfrentando um mundo que nos ensina a duvidar de nós mesmas. Vamos transformar essa narrativa: sejamos fortes e firmes. Se ser verdadeira é loucura, então que sejamos loucas, e inteiras.

Texto originalmente publicado no LinkedIn em Novembro de 2024.

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